Ventos.

Quem sente a brisa do vento,

Tem um trato com o tempo

Na curtição desse momento

Tão breve do seu viver.

Tem vento que traz o frescor

Mas que leva e traz o odor

Do cheiro que não agrada

Tem gente que sofre o horror

Da vida que se deprava.

Tem vento que sopra leve

De nascimento tão breve

Tem gente rolando o pranto

Da vida no desencanto,

E o enfrentar não se atreve.

Tem vento que sopra forte

Que até dá outro norte

Pra tudo que foi traçado.

Tem ventos bem favoráveis

Que até conduzem à vida

Assim como tem amores inseparáveis

Que duram pra toda vida.

Tem vento que é bem colérico

Que venta bem destemido

Como o jovem periférico

Que enfrenta o perigo.

Tem vento avassalador

Que venta chuva e calor

E por onde esse vento passa

Deixa a marca da desgraça,

Causando pavor e dor.

Tem ventos que são divinos

Como o ressoar dos sinos

Que fazem a anunciação.

Lembra a saga do menino

Que sente a fome de pão

Que jamais desiste da vida

E migra lá do sertão

Tornou-se filho do Brasil

E hoje governa a nação.