Maria Isabel Raenke Ertel
Quem de nós,
Efêmeros seres humanos
Que discretamente
Não tenha sobrevivido
Àqueles dias em tons de cinza.
Dia de colecionar lágrimas
E não entender
O verdadeiro motivo
Que as fazem rolar.
Dias em que a vida e o viver
Já não fazem simbiose.
São dias de existência árida
De inútil aridez da alma
Estéreis para o amor.
É a vida no fosso do seu inverno
Buscando aconchego
No marsúpio da solidão
São dias gélidos e infinitos
Nos exilamos da vida
E sem vontade de voltar
Buscamos asilo
Na Sibéria do próprio esquecimento
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